sexta-feira, 16 de maio de 2008

Racionalidade

Muitos dias fiquei remoendo... Nunca chorei. Um imperador não chora e eu continuo a sentir-me imperador.


Depois de muitos copos de vinho e bagacinhos decidi avaliar as coisas. Tinha o amor do povo e as contas corriam bem... Tentei rasgar o status quo, mas não contei que a inércia fosse tão grande. Aprendi uma lição:


- Nunca substimar um status quo;
- O status quo faz tudo para não desaparecer;
- O status quo não se rompe, queima-se.


Cometi o erro de deixar ficar comigo os que já lá estavam... A traição era iminente. E eu não percebi.


Vejamos agora algo curioso... Analisei dados da bolsa de valores de Lisboa e deparei com este cenário que podem ver na seguinte figura. Tive a liberdade de o analisar para ti Blogue:


- O começo é indicado com uma bolinha vermelha. Note-se a situação gravosa e drástica... O estado estava em queda livre. Agarrei-o com unhas e dentes e passado um mês notou-se uma recuperação que por todos foi aplaudida. Um triunfo da minha capacidade de liderar uma nação.


- A bolinha azul indica, como será fácil entender, o começo do império. Houve queda é certo, mas não se podem fazer omeletes sem partir alguns ovos. É um momento de disrupção e há sempre de certo modo um caos e o modus operandi da máquina estatal é sempre afectado. Mas logo passa uns dias o povo viu os benefícios de uma liderança mais autoritária.


- A bolinha Rosa representa obviamente o momento da aleivosia. Sem mais palavras vos deixo. Sois livres de analisar o que sucedeu a seguir. Ainda estaremos cá para ver o que se vai passar com o tempo... Não sou certamente uma condição sine qua non do desenvolvimento do reino, mas comigo o povo estava feliz!!




Aleivosia de Cássio e Bruto

O poder era forte e povo vociferava alegrias que me constrangiam. A minha majestade era agora plena e plana... Plena de alegria e plana de estabilidade. Pax Imperialis estabelecida, pouco me restava a fazer. Era feliz e vivia dos rendimentos do estado, pai da nação.

Ontem porém, a traição aleivosa aconteceu. Absorto na minha plenitude e planitude não entendi os sinais, tal qual César. Que nem mesmo quando Calpúnia lhe terá contado o infame pesadelo que tivera tomou algum tipo de atitude. Cássio e Bruto, que o bajulavam como cães, apunhalaram césar áspera e rudemente no senado.


Laureava eu minha pevide e minha capa por entre alguns plebeu, quando senti uma mão tocar-me no ombro... No momento em que me voltei Blogue, levei com um salmão em minha real tromba. Era a peixeira! Atordoado tentei responder, mas nesse instante e também à traição, o padeiro acerta-me com um grande naco de broa de avintes na nuca. Quase perdi os sentidos... Já não tinha a coroa, tinha caído. Levanto-me e vejo que me rodeiam. Estou cercado. Não consigo ver caras! Vejo olhos coléricos. Distingo a peixeira, que continua com um salmão enorme na mão agarrando-o pela cauda e espeta-me mais uma valente traulitada. Uma valente chapada de salmão mais...

Temi pela minha vida, mas consegui fugir. Já quase no exílio... Levo com meio leitão nas costas.


Doía-me mais a alma que as costas todavia. Porque estariam a atraiçoar-me?

Passo por cima de uma caixa e consigo escapar para o exílio. Na rua o povo estrangeiro aponta, ri-se e oiço alguém dizer: Não vai nu mas finalmente alguém lhe tirou aquele sorriso parvo da boca.

Inconsolado, dias a fio fiquei.

Eu tinha sido atraiçoado tal qual César. Vivi dias e dias no exílio sem apoio, sem palmadinhas nas costas. Entreguei-me ao vinho...

terça-feira, 29 de abril de 2008

Para a posteridade






Cetáceos no Reino

A paciência... A pachorra de Reipositor tem limites... Ainda mais agora que não tenho que dar satisfações a ninguém. Sou um ditador!! Parece porém que muitas das vezes os meus súbditos dão muitos erros nos ditados. Ou dito mal ou são mentecaptos.

Hoje aconteceu mais um episódio que talvez antes pudesse ser tolerado... Mas agora não! Certo momento, no meio da grande azáfama matinal do Reino vislumbrei cinco pessoas do povo mais o meu maior e melhor nobre, leia-se o gerente, a dirigirem-se para o condado da peixaria. Passados cinco minutos ainda lá continuavam. Riam a bom rir... Só faltava dar abracinhos de alegria, pois então.

Em toda a minha fúria, sem perder a altivez que me tem caracterizado, e mais agressivo que assertivo disse alto e a roçar o berro:

- PORVENTURA NASCEU ALGUM GOLFINHO NA PEIXARIA!!!????
Envergonhados e amedrontados baixaram a cabeça, que não lhes pesa muito porque o cérebro deles tem menos massa, e saíram cada um para seu local de trabalho.

Fiquei com o coração aos pulos só me apetecia espancar algum como exemplo. Agora que tinha pretensões em Espanha não podia ceder o mínimo sequer. Este acontecimento deixou-me pensativo. Era preciso ponderar a minha atitude. Um bom ditador não deve espancar a torto e a direito... Necessita de ditar bem e de espancar alguém de vez em quando. Já império, na minha loja mantive um certo estilo de liderança que oscilava entre o Autocrático - Autoritário e o Laissez-faire - Laissez passer. Acabou-se qualquer espaço para iniciativa própria. Eu decido tudo agora.


sábado, 26 de abril de 2008

A terceira lei de Isaac Newton

Isaac Newton principiou: Se um corpo (A) aplicar uma força sobre um corpo (B), receberá deste uma força de mesma intensidade, mesma direcção e sentido oposto à força que (A) aplicou em (B).

E tinha razão... Mas enganou-se num pormenor. Por vezes a reacção é muito mais brutal que a acção. Mas o mais interessante de tudo é que as acções são por vezes sequência de outras reacções, acontece assim que podemos perder a noção de qual é a reacção e a acção e vice-versa.

D. Manuel I, 14º Rei de Portugal, o Venturoso, teve por ambição tornar-se um imperador, um César da Cristandade. Queria ele ser o homem em torno do qual a cristandade girasse. Assim sendo fez-se casar com duas infantas espanholas, na ambição de que um rei espanhol morresse entretanto. Estando ele a construir um império que à altura era o maior do mundo, teria toda a legitimidade para ser ele o grande César do mundo católico. Acontece que ninguém de jeito lá para os outros lados morreu no tal entretanto. Esta acção não ia ficar sem reacção. Newton sabia-o… D. Filipe II de Espanha aquando a morte de um dos gajos mais alienados e patetas que Portugal já mirou apoderou-se do reino dos dementes que tudo serve para simular um cântico de claque. Falamos pois então de El-Gran-Menino D. Sebastião. A história já todos sabemos… Fomos governados por três barbudos meios austríacos meio absurdos.




Volvidos uns séculos, os barbas do outro lado do Guadiana não perdem pela demora. Num “passeio” pela planície Andaluza, que obviamente foi mais uma incursão que outra coisa que pudesse soar menos bélica, minha majestade imperial El-Reipositor deparou-se com o grande reino da Mercadona. Um reino estável inserido na tolice do lado de lá do Guadiana. Estável mas carente de uma liderança forte e musculada como a que imprimi no Pingo Doce. Decidi então reunir esforços. Necessito todo o apoio de toda a nobreza, desde a útil à fútil, da lisonjeante à bajulante. Decido assim caro Bloggy que irei em breve usar um manto de duas insígnias: Pingo Doce e Mercadona. Tal qual Rei Filipe II de Espanha e os tolos seguintes




Como disse antes…. Por vezes a reacção pode ser muito mais brutal que a acção, caro Isaac.

Tudo faz cada vez mais sentido. Não é ambição, é governar quem precisa de ser governado.