quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O Império contra-ataca

Querido blogue hoje foi um dia complicado possível de aguentar apenas por aqueles que têm nervos de aço.

Já estava eu com a minha gloriosa farda de trabalho cujo papillon é o expoente máximo (acredito mesmo que aumenta o amor próprio, parece-me claro que sim) e me preparava para começar a "rasgar" nas prateleiras quando surge a chefe e me chama para perto de si:

- Colega! Chegue cá!! - Pessoalmente adoro que me chamem "colega" porque me dá um ar de menos pessoa. Não, não é mau bloguinho... lá dentro pertencemos a uma corporação, temos de ser máquinas e não seres humanos. Quando visto a farda, o mais perto de humano que poderei ser é talvez um humanóide... acredita que é verdade.

Mas o que seria que a chefe me queria dizer, intrigado, mas confiante lá fui:

- Colega... temos de ter a casa impecável... temos visitas hoje!! - disse ela com ar nervoso .
- Isto tem de estar a brilhar - Atropelou-se ela própria a falar sem me deixar dizer um "Sim Senhor"

Lá fui "rasgar" umas prateleiras. Quem seriam as visitas? Confesso que até fiquei um bocado apreensivo, mas a repôr não podem haver hesitações. Estava eu a repôr as latinhas de comida para gato com gambas e salmão quando subitamente uma das minhas "colegas" se apresenta num estado meio apavorado meio frenético e me diz:

- Está aí a ASAE... Cuidado!! - Disse ela, a minha "colega".

Disse-lhe um SIM muito preocupado, mas assim que ela virou costas não pude deixar de sorrir... pobre coitada, não tem a noção que trabalha com o reipositor. Modestamente... Eu até esperava obter dos senhores da ASAE os parabéns por repôr tão bem. Foi por uma unha que não fui sossegar a minha "colega". Que tivesse calma, pois ela trabalha com um reipositor... Mas fui sádico. Eh eh bloguinho...

Quando os ASAE entraram no Pingo Doce o coração de toda a gente tremeu, inclusivé dos clientes. Mas eu sorrí caro amigo, eu sorrí... Quase que juro que vi o chefe da ASAE piscar o olho de soslaio, como quem diz um "bravo colega!!".

Deixo-te a música que os senhores da ASAE usaram quando entraram pela loja.
Boa noite boguinho...



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Aplicando o que aprendi

Olha bloguinho não vais acreditar!!! Hoje estou feliz... o meu dia de trabalho correu lindamente, e mais que isso sinto-me mesmo preenchido.


Hoje foi inventário e tive de ir para o Pingo Doce de madrugada, às 6h da manhã. Pensava eu na minha inocência muito naive que ia ser aborrecido. O gerente tinha-me dito que hoje íamos fazer inventário, ou seja contar tudo o que estava na loja... Isto parecia-me absurdamente cansativo e moroso. daquelas tarefas que metem fastio. Mas olha, acabou por não o ser. A tarefa consistia em contar todos as unidades da mesma referência e colocar uma etiqueta com o número que tínhamos contado. A princípio estava a ficar muito irritado... já bufava pro todos os meus poros. Além de aborrecida a tarefa, calcula tu que não havia música na loja... nem uma única Pan Pipe.

A dada altura tive uma visão, daquelas que só um reipositor pode ter. Por momentos vacilei e duvidei do que tinha aprendido no curso. Vou te contar então... Num curso de engenharia ensinam-nos muitas vezes que simplicar o complicado e moroso é a principal a atitude. Quando estava a contar pacotes de chipmix (números que pareciam tender para infinito) uma ideia iluminada surgiu na minha mente. Ora as prateleiras das bolachas são em forma de cunha logo são como um trapézio. Contei o número de pacotes em baixo e em cima, o número de camadas e estava feitíssimo.



De momento para o outro senti-me realizado... Agora tudo era mais claro!!! Não interessa onde trabalho, é a atitude com que desempenho o serviço que felizmente ou infelizmente tenho de prestar que me dá aquele tal sorrisinho de atrasado mental de satisfação. Estava feliz no Pingo Doce. Eu estava lá e estava bem. O Pingo Doce era agora com toda a certeza um desafio para um engenheiro... estou de parabéns não estou bloguinho?


Mas não me fiquei pelo trapézio... não senhor! Continuei com todas as formas geométricas desde áreas a volumes. De paralelipípedos de latas de tomate pelado a triângulos de coca-colas Zero. Foi sempre a aviar nelas.


De pedra e cal... Sou cada vez mais um REIpositor













segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O AVC induzido

Quando pensava que estava a atingir a velocidade de cruzeiro nesta minha gloriosa profissão algo demasiado ruim aconteceu. Bloguinho... perguntarem-me por artigos muito absurdos já não me aflige nem me causa nervos, exceptuando quando um senhor brasileiro do nordeste se dirigiu a mim com as trombas ainda cheias de tinta e de massa com algo na palma da mão que segundo ele era uma lampada. Eu não entendo nada de lampadas... mas aquilo parecia saído de uma nave do Flash Gordon. Enfim, peanuts para mim... sentia-me sólido com estas situações. Ao fim ao cabo um Reipositor não pode dar parte fraca.

- Talvez numa loja da especialidade - respondi eu ao cliente algo mordaz.

Mas mau mau foi quando estava eu sentado numa grade de cerveja a repor pacotes de acúcar da Sidul quando dei por mim a ouvir um som cataclístico que saía pelos altifalantes do mestre Pingo Doce. Take My Breath Away instrumental era banal já bem como as mais variadas Pan Pipes covers de mil e uma músicas parvas. O som que saía pelos altifalantes era nada mais nada menos que uma Pan Pipe de uma famosa música de Céline Dion.

Subitamente percebi que estava a perder algumas funções motoras e tive de fechar os olhos e esperar cerca de um minuto.

Já recuperado, percebi que era mais uma forma de tortura, mas um reipositor repõe prateleiras sem vacilar.

Deixo-te a música bloguinho, espero que não leves a mal. É para teres a noção do drama. E lembra-te que era uma cover dos Pan Pipes, o que é consideravelmente uma agravante.

O primeiro caso verdadeiramente insólito

Que toda a situação é solidamente insólita, lá isso é... Mas o insólito estava para acontecer bloguinho. Você não vai acreditar. Estava eu na minha tarefa árdua de repor cocas-colas diet quando as minhas colegas repositoras (não são Rainhapositaras, mas aindamerecem o meu respeito) me interpelaram com um misto de felicidade, loucura e ampreensão. A ansiedade tomava conta de mim. O local de trabalho Pingo Doce é como deves imaginar uma roda viva, são precisos nervos de aço. Believe me bloguinho.


- Colega (é assim que sou conhecido, só falta ter um número em vez de um nome)!!! - disseram as duas colegas em coro - Está ali uma senhora que nos veio perguntar se tu és casado.
Até que fiquei contente, confesso. É sempre bom ter fãs. Porém o ridículo mais uma vez se apoderou de mim. Um calafrio percorreu-me o corpo ao ver que a minha fã era nada mais nada menos que uma velhota de 72 anos viúva. Credo!!!


Já conseguia perceber o porquê daquela velhota nunca encontrar as coisas mais simples como o sabão azul e branco e pilhas e me vir sempreperguntar.


Mas algo de bom veio ao de cima como o azeite na água... Seduzir alguém do sexo feminino com um papillon é um facto verosímil que ninguém agora podia rejeitar.
São precisos nervos de aço na selva que é o Pingo Doce.

Continuo de pedra e cal como REIpositor.

Génesis

De peito inchado, mas tremendo por dentro lá fui... Não queria dar parte fraca, mas a novidade é sempre no mínimo ansiosa. O que iria eu repor? Como e quando? Credo que tremores... Céus que suores.

Pela primeira vez vesti a camisa e o avental e confesso-te caro blog que senti algum poder... um poderzinho. Só depois notei que tinha de colocar no pescoço aquele papillon... O poderzinho desapareceu e uma intensa sensação de ridículo desde os dedinhos dos pés aos dentes da frente se apoderou de mim. A esta altura já não sabia se o desemprego não era realmente a melhor opção em contraste com a reposição no Pingo Doce.

Olhei me ao espelho e aprontei-me, e confesso-te que até não desgostei de todo. Aquele sorrisinho algo atrasado mental surgiu-me nas beiças. Endireitei o papillon e lá fui. Desviei as cortinas de plástico que separam o armazém e a zona do staff do mundo dos comuns mortais com toda a confiança mais que preparado para para tudo... Pensava eu.

Confesso-te que foi duro... Muito duro. Extremamente físico. Pessoas por todo o lado, esquerda e direita, frente e trás, a perguntarem por pepinos em conserva (absurdo) e sabe-se lá mais quem.

E o pior estava para vir... Todas as torturas que já tinha ouvido não se podem comparar a esta que te conto agora. Bloguinho sabes que sendo mal pago como são todos os heróis que desempenham esta profissão a nossa moral no trabalho não pode ser a mais elevada, como
é bom de se ver. Mas imagina tu que durante as horas de trabalho entre Pan Pipes, Gregorian Chants e um Take My Breath Away instrumental há uma frase constante... SABE BEM PAGAR TÃO POUCO. É o mesmo que dar uma chapada e dizer à pessoa atingida "Epa estás com a cara encarnada, que estranho".

É constante e humilha-te até ao mais profundo do ser. Cada vez que a oiço é como se levasse um calduço daqueles com toda a força.

Esbaforido e derrotado, sentado no banquinho do vestiário, mirando a minha figura, ridícula de papillon, ao espelho ganhei forças e como um soldado bati os calcanhares enchi o peito e disse em voz alta:

- De hoje em diante não serei um reles repositor, serei sim um REIpositor.

Assim se criou uma força trabalhadora do mercado nacional.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

O começo

Caro Blogue, sabes bem que passei muito tempo à procura do emprego que fosse simultâneamente um trabalho, mas não há trabalho para um engenheiro biológico.

Como se alguém precisasse de um engenheiro biológico... que loucura, mas enfim agora já acabei o curso, o mal está feito.

Precisava de dinheiro!

Há uma semana atrás passei pelo Pingo Doce e reparei que precisavam de um repositor... e lá fui. Na minha mente havia inquietação... Eu queria tanto poder aplicar aquilo que os meus professores sabiamente me ensinaram. Será que o Pingo Doce me iria trazer desafios intelectuais? Fui ver!

Comecei segunda passada... A aventura começou!!

Que comece a palhaçada