sexta-feira, 16 de maio de 2008

Racionalidade

Muitos dias fiquei remoendo... Nunca chorei. Um imperador não chora e eu continuo a sentir-me imperador.


Depois de muitos copos de vinho e bagacinhos decidi avaliar as coisas. Tinha o amor do povo e as contas corriam bem... Tentei rasgar o status quo, mas não contei que a inércia fosse tão grande. Aprendi uma lição:


- Nunca substimar um status quo;
- O status quo faz tudo para não desaparecer;
- O status quo não se rompe, queima-se.


Cometi o erro de deixar ficar comigo os que já lá estavam... A traição era iminente. E eu não percebi.


Vejamos agora algo curioso... Analisei dados da bolsa de valores de Lisboa e deparei com este cenário que podem ver na seguinte figura. Tive a liberdade de o analisar para ti Blogue:


- O começo é indicado com uma bolinha vermelha. Note-se a situação gravosa e drástica... O estado estava em queda livre. Agarrei-o com unhas e dentes e passado um mês notou-se uma recuperação que por todos foi aplaudida. Um triunfo da minha capacidade de liderar uma nação.


- A bolinha azul indica, como será fácil entender, o começo do império. Houve queda é certo, mas não se podem fazer omeletes sem partir alguns ovos. É um momento de disrupção e há sempre de certo modo um caos e o modus operandi da máquina estatal é sempre afectado. Mas logo passa uns dias o povo viu os benefícios de uma liderança mais autoritária.


- A bolinha Rosa representa obviamente o momento da aleivosia. Sem mais palavras vos deixo. Sois livres de analisar o que sucedeu a seguir. Ainda estaremos cá para ver o que se vai passar com o tempo... Não sou certamente uma condição sine qua non do desenvolvimento do reino, mas comigo o povo estava feliz!!




Aleivosia de Cássio e Bruto

O poder era forte e povo vociferava alegrias que me constrangiam. A minha majestade era agora plena e plana... Plena de alegria e plana de estabilidade. Pax Imperialis estabelecida, pouco me restava a fazer. Era feliz e vivia dos rendimentos do estado, pai da nação.

Ontem porém, a traição aleivosa aconteceu. Absorto na minha plenitude e planitude não entendi os sinais, tal qual César. Que nem mesmo quando Calpúnia lhe terá contado o infame pesadelo que tivera tomou algum tipo de atitude. Cássio e Bruto, que o bajulavam como cães, apunhalaram césar áspera e rudemente no senado.


Laureava eu minha pevide e minha capa por entre alguns plebeu, quando senti uma mão tocar-me no ombro... No momento em que me voltei Blogue, levei com um salmão em minha real tromba. Era a peixeira! Atordoado tentei responder, mas nesse instante e também à traição, o padeiro acerta-me com um grande naco de broa de avintes na nuca. Quase perdi os sentidos... Já não tinha a coroa, tinha caído. Levanto-me e vejo que me rodeiam. Estou cercado. Não consigo ver caras! Vejo olhos coléricos. Distingo a peixeira, que continua com um salmão enorme na mão agarrando-o pela cauda e espeta-me mais uma valente traulitada. Uma valente chapada de salmão mais...

Temi pela minha vida, mas consegui fugir. Já quase no exílio... Levo com meio leitão nas costas.


Doía-me mais a alma que as costas todavia. Porque estariam a atraiçoar-me?

Passo por cima de uma caixa e consigo escapar para o exílio. Na rua o povo estrangeiro aponta, ri-se e oiço alguém dizer: Não vai nu mas finalmente alguém lhe tirou aquele sorriso parvo da boca.

Inconsolado, dias a fio fiquei.

Eu tinha sido atraiçoado tal qual César. Vivi dias e dias no exílio sem apoio, sem palmadinhas nas costas. Entreguei-me ao vinho...

terça-feira, 29 de abril de 2008

Para a posteridade






Cetáceos no Reino

A paciência... A pachorra de Reipositor tem limites... Ainda mais agora que não tenho que dar satisfações a ninguém. Sou um ditador!! Parece porém que muitas das vezes os meus súbditos dão muitos erros nos ditados. Ou dito mal ou são mentecaptos.

Hoje aconteceu mais um episódio que talvez antes pudesse ser tolerado... Mas agora não! Certo momento, no meio da grande azáfama matinal do Reino vislumbrei cinco pessoas do povo mais o meu maior e melhor nobre, leia-se o gerente, a dirigirem-se para o condado da peixaria. Passados cinco minutos ainda lá continuavam. Riam a bom rir... Só faltava dar abracinhos de alegria, pois então.

Em toda a minha fúria, sem perder a altivez que me tem caracterizado, e mais agressivo que assertivo disse alto e a roçar o berro:

- PORVENTURA NASCEU ALGUM GOLFINHO NA PEIXARIA!!!????
Envergonhados e amedrontados baixaram a cabeça, que não lhes pesa muito porque o cérebro deles tem menos massa, e saíram cada um para seu local de trabalho.

Fiquei com o coração aos pulos só me apetecia espancar algum como exemplo. Agora que tinha pretensões em Espanha não podia ceder o mínimo sequer. Este acontecimento deixou-me pensativo. Era preciso ponderar a minha atitude. Um bom ditador não deve espancar a torto e a direito... Necessita de ditar bem e de espancar alguém de vez em quando. Já império, na minha loja mantive um certo estilo de liderança que oscilava entre o Autocrático - Autoritário e o Laissez-faire - Laissez passer. Acabou-se qualquer espaço para iniciativa própria. Eu decido tudo agora.


sábado, 26 de abril de 2008

A terceira lei de Isaac Newton

Isaac Newton principiou: Se um corpo (A) aplicar uma força sobre um corpo (B), receberá deste uma força de mesma intensidade, mesma direcção e sentido oposto à força que (A) aplicou em (B).

E tinha razão... Mas enganou-se num pormenor. Por vezes a reacção é muito mais brutal que a acção. Mas o mais interessante de tudo é que as acções são por vezes sequência de outras reacções, acontece assim que podemos perder a noção de qual é a reacção e a acção e vice-versa.

D. Manuel I, 14º Rei de Portugal, o Venturoso, teve por ambição tornar-se um imperador, um César da Cristandade. Queria ele ser o homem em torno do qual a cristandade girasse. Assim sendo fez-se casar com duas infantas espanholas, na ambição de que um rei espanhol morresse entretanto. Estando ele a construir um império que à altura era o maior do mundo, teria toda a legitimidade para ser ele o grande César do mundo católico. Acontece que ninguém de jeito lá para os outros lados morreu no tal entretanto. Esta acção não ia ficar sem reacção. Newton sabia-o… D. Filipe II de Espanha aquando a morte de um dos gajos mais alienados e patetas que Portugal já mirou apoderou-se do reino dos dementes que tudo serve para simular um cântico de claque. Falamos pois então de El-Gran-Menino D. Sebastião. A história já todos sabemos… Fomos governados por três barbudos meios austríacos meio absurdos.




Volvidos uns séculos, os barbas do outro lado do Guadiana não perdem pela demora. Num “passeio” pela planície Andaluza, que obviamente foi mais uma incursão que outra coisa que pudesse soar menos bélica, minha majestade imperial El-Reipositor deparou-se com o grande reino da Mercadona. Um reino estável inserido na tolice do lado de lá do Guadiana. Estável mas carente de uma liderança forte e musculada como a que imprimi no Pingo Doce. Decidi então reunir esforços. Necessito todo o apoio de toda a nobreza, desde a útil à fútil, da lisonjeante à bajulante. Decido assim caro Bloggy que irei em breve usar um manto de duas insígnias: Pingo Doce e Mercadona. Tal qual Rei Filipe II de Espanha e os tolos seguintes




Como disse antes…. Por vezes a reacção pode ser muito mais brutal que a acção, caro Isaac.

Tudo faz cada vez mais sentido. Não é ambição, é governar quem precisa de ser governado.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

A César o que é de César

..., ..., ...., Não sei como isto sucedeu ...

Por incrível que se assemelhe tudo isto ao irreal, aconteceu mesmo.

Tal como todas as situações semelhantes ao longo da história ... a resposta é brutal. Sir Isaac Newton disse que para cada força aplicada há uma reacção. Neste caso a reacção que despoletei foi de uma implacabilidade extrema.

Já não podia aguentar a desordem e o caos. Há países e aparelhos que não permitem lideranças laissez-faire. Após muita poderação. Tardes passadas embrulhado em lençóis que tresandam a debilidade. Cansaço, frustação... Alia-se a fraqueza física à frustação emocional. Eu não estou bem fisicamente... Estou cansado.

Não consigo e não posso tolerar mais uma situação de desleixo. Após achar eu que se atingiu um limite, a ruptura afigurava-se iminente.

Anteontem... Avistei ao fundo do corredor alimentar uma senhora que pontapeou uma lata de conserva de atum (com tomate e picante), lata essa que já alguém tinha deixado cair no chão... A paciência de um Rei tem limites meu fiel amigo Blogue. Não podia tolerar e admoestei. Cerca de uma hora depois um "fiel" súbdito exaltou-se, e para meu espanto, rebela-se perante minha senhoria, sua alteza o Reipositor. Virou-me costas e praguejou corredor fora... Ladrando que nem um cão vadio que cospe na gamela onde come. Foi um ponto final em tudo isto Blogue. O sistema monárquico-constitucional não podia mais vigorar num aparelho sócio-laboral como o Pingo-Doce. Há momentos em que um líder tem de saber avaliar a sua liderança, o sistema no presente e a sua continuidade.

Ponderei muito, juro-te que sim. Cheguei inclusivé a desidratar um pouquito pelos olhos. Sou apenas um ser humano com qualidades especiais. Ao fim ao cabo... os reis também choram. Nestas situações a capacidade de ser frio e manter a capacidade analítica é complicado ainda para mais os meus conselheiros... já não posso contar com eles...!!!

Decidi enfim, após horas de reflexão, mudar o sistema governativo, uma banal monarquia constitucional para Império. Isso mesmo fiel confessor um IMPÉRIO. Júlio César e Napoleão não hesitaram... Eu não iria falhar onde eles falharam, e a ordem tinha de ser mantida. Hoje anunciei à minha corte que a partir daquele momento eu era o CENTRO da loja. Aceitaram com reticências, sabiam que agora não iria haver misericórdias, tiveram medo. Compreendo. Já o povo acatou a a decisão com um grito quase uníssono:


- "Viva El-Rei Positor, nossa majestade Imperial"

Do alto da minha varanda, de onde tudo agora observo, vi o povo contente, uma turba de felicidade diarréica plena de gáudio.

A loja e eu somos agora apenas um.








terça-feira, 8 de abril de 2008

Sedução

Numa procrastinação típica pelos bytes e bites, voando pelas cabos... Uma mão no rato e outra no cigarro encontrei algo que gostaria que visses Bloggy. Não é que tenha ficado chocado com o que li. Recentemente dei toda a conta que o mundo tá a enlouquecer e os Pingo Doce's são epicentros destes terramotos psicológicos e mesmo sociais.
Lê por ti mesmo (http://internofeminino.blogs.sapo.pt/54134.html), ou mesma... Nunca percebi bem que sexo é o teu blogue. Deves ser hermafrodita ou qualquer coisa parecido. Pila invaginada ou afins. Sem ofensa miguito(a).
Neste blogue calcula tu que a autora escreve o seguinte, e passo a citar:
"Ontem num jantar de amigos, vem à baila uma conversa curiosa sobre os códigos de engate e demonstração de interesse entre sexos. Até aqui nada de novo, não fosse o local escolhido assaz curioso e um tanto sui generis para o desenvolvimento da dita actividade: o supermercado!"
Estranho...? Sim!! Inovador...? Sem dúvida!! Absurdo...? Epá muito pá.... muito pá.
O povo anda louco, como já te apercebeste. Mas neste caso parece-me que bate mais forte neste senhora. Ou é divorciada, daquelas que perdem a noção da realidade e querem ser novamente jovens ou então é algum problema gravíssimo do foro psiquiátrico. Senão lê:
"Um homem sozinho nas compras é um alvo a abater."
Caramba, quando era uma pessoa vulgar nunca tive esta noção de caça num supermercado. Nunca ninguém me disse algo do género "O menino tem um laser na testa". Nem nunca ouvi um tiro de caçadeira. Sei lá, possivelmente serei eu que não sou capaz de seduzir mulheres nas compras. Falho essa característica, no entanto reponho prateleiras como ninguém. A César o que é de César.
Vamos dissecar este texto porque realmente o merece. Leia-se no teu irmão blogue O Interno Feminino a seguinte passagem:
"Se andar com um papelinho escrevinhado com as necessidades para o lar, é sinal que ou é comprometido ou gay." (Pelos vistos desta safei-me... Oh cara súbdita a senhora vive todo os seus minutos num estado horny ao redline, só pode!).
"A zona de refeições congeladas são frequentadas por solteiros/divorciados que vivem sozinhos e andam tristinhos com a vida, à caça de algo que os anime... Parece que ali no meio dos armários frigoríficos anda tudo ao mesmo. À procura de algum calor..." (É mera impressão minha ou isto é doentio? Anda tudo ao mesmo? Relaxe senhora... estava só a escolher uma lasanha).
Quanto ao post estamos conversados... não falo mais disso. Acho que seria loucura andarmos aqui a repetir taradices. Isto, e realço o "isto" porque o que se vai "ler" a seguir não é digno de se considerar frase, senão note-se o seguinte comentário ao post mais tarado de sempre:
"Caro ricardo, o vinho tem a fama de ser o nectar dos deusos." (A letra "O" está bem longe da letra "E" no teclado, não há desculpas).
Em jeito de conclusão, aviso desde já que esta senhora não deverá entrar no meu supermercado. Vou manter alerta vermelho, operando em conjunto com a Protecção Civil e Polícia Judiciária para impedir a entrada de tal pessoa no MEU supermercado e se possível fora do distrito. Talvez seja eu a não acompanhar o mundo moderno cuja rotação nos deixa cada vez mais zonzos... e tontos então...!! Mas enquanto for o Reipositor do MEU Pingo Doce eu não irei permitir que isto aconteça.
Ficarei vigilante.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Globos de Ouro

Há muito que cá não vinha caro amigo. Sabes como é... tanto trabalho!

Decidi hoje explicar-te que há produtos que merecem todo o carinho de um Reipositor e outros que não merecem que se gaste uma caloria neles. Enquantos alguns nos fazem adorar ser Reipositor outros fazem-nos até mesmo soltar um horrível "moss" daqueles algarvios mesmo do fundo ou um típico alentejano "Foda-se Silva" ou "Cona da Mana" (isto para extravazar a fúria e não mandar qualquer coisa pelo vidro...

Globo de Ouro para a categoria de:
  • Tolerância/Paciência: Pacotes de Batatas fritas - Nunca se empinam, nunca ficam direitas mais de 5 segundos e não falo mais nisso para não ficar nervoso.

  • Escola Primária: Caixas de Compal - O picotado que é suposto nos ajudar a abrir a caixa não é de todo útil, pelo contrário, fico nervoso. Gostava de saber quem é o senhor que lá para os lados do Ribatejo picota os picotados... Caro amigo você não sabe picotar... logo deveria estar na primária ou no infantário.

  • Agradável Surpresa: Caprisone - Após tantos anos de divórcio... de tantos bongos e sei lá que outras porcarias, o Caprisone e eu voltámos a ter uma excelente relação. Primeira vez que vi o caprisone em caixas para repôr, pensei, "Caramba este pacote tem todo o ar de que não se empina por muito tempo". Era absolutamente mentira... o Caprisone não cai e para além de me facilitar a vida ainda me faz relembrar aquele mítico reclame do Eusébio para o Caprisone. Eu tive uma bola do Eusébio/Caprisone. Eu fui feliz!


  • Desagradável Surpresa: Branca de Neve: Por incrível que pareça os pacotes de farinha Branca de Neve apesar daquele ar quadradão... simplesmente enervam qualquer Reipositor, logo imagine-se os súbditos. Mal um repositor se volta de costas o som característico de um pacote de farinha a cair numa prateleira de chapa pode surgir numa probabilidade de 90%.


  • Mistério da Natureza: Branca de Neve: Mais um Globo de Ouro para este produto que de tão mítico quase se torna mitológico. Como pode um pacote de farinha perder tanta farinha e ao fim de tanto tempo ainda estar cheio. Stephen Hawking já se mostrou interessado na resolução Físico-matemática do problema. Eu mero engenheiro não consigo estabelecer qualquer tipo de expressão matemática. O grande físico vai fazer uma pausa de 1 mês na elaboração da teoria da formação do Universo para se dedicar a este problema. Agradeço.

  • Amigo do repositor: Latas de Conserva: Qualquer lata de conserva, mais do que qualquer lata normal é amiga do repositor. Há um encaixe perfeito entre o topo de uma lata de conserva e a base de outra. Qualquer lata de conserva salvo seja... Atum, tomate, grão, feijão a não ser que seja da marca do patrão... Há qualquer coisa naquele encaixe perfeito que o torna carissímo e capaz de levar uma empresa à falência e daí não terem esse pormenor maravilhoso.

segunda-feira, 10 de março de 2008

A queda de um anjo

Falhei.... Não esperava que sucedesse desta maneira...

Tenho estado enfiado na cama sem qualquer vontade de enfrentar o sucedido... Nem almoço, nem água. Tenho estado só com a minha consciência ensurdecedora.

Hoje os meus colegas súbditos de minha majestade Reipositor interpelaram-me com o à vontade que eu costumo permitir-lhes:

- Colega... Você ontem enganou-se - Foi uma chapadona daquelas de mandar baba pelo canto da boca.

- Eu??? - Exclamei supreso e algo indignado...
- Enganaste-te ao colocar as conservas de tomate - Retorquiu a colega.
- Vamos lá ver isso - Eu tentando manter a calma e a pose (ou mesmo pôse)
Era a mais pura das verdades... Imaculada qual Nossa Senhora. Eu tinha me enganado. O tomate em PEDAÇOS estava misturado com o tomate PELADO!!!
Como pôde? É um lapso que um súbdito poderá ter. Facilmente perdoado. Agora um Reipositor?
Um título que eu concedi a mim próprio como Napoleão quando se proclamou imperador não me dá apenas um certo estatuto... Dá-me altas responsabilidades. Eu não posso falhar assim.
Aguentei como pude as restantes horas. Eu precisava de introspecção séria.
A auto-mutilação passou-me pela cabeça... Mas caramba, não falhou também Júlio César, Alexandre o Grande, Napoleão Bonaparte, António Guterres, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro, Mahatma Ghandi ou mesmo Santana Lopes?
Não desculpa de todo... Longas horas de mágoa e desorientação comigo proprio. Este acontecimento deixou cicatrizes.

domingo, 9 de março de 2008

Calúnias

Como é Bloguíssimo? Tudo up?
Não vais acreditar... estava eu muito bem surfando pelos cabos do mundo virtual quando deparo com um blog... ou "disqué" um blog. Primeiro fiquei de olhos esbugalhados... e depois veio a raiva. Começaram as calúnias, as ofensas graves e infundadas à minha pessoa e os meus colegas.
Certamente já existem pessoas que se revoltam por ver um trabalho tão bem feito pelos meus colegas repositores e especialmente por mim que sou um Reipositor. O blog inimigo, passo a citar, diz assim da minha pessoa:
-"É impossivel deixar de reparar no péssimo serviço prestado nos SuperMercados Pingo Doce. O mau atendimento é igualmente prestado em qualquer das dependências."
Eu até admito que possa existir algum Pingo Doce em que o serviço não seja tão bom... sei lá um qualquer daqueles de uma povoação qualquer com um nome do género Celourico do Marco ou Freixo de espada ao ombro... Mas a autora diz claramente e sem papas "qualquer das dependências".
Continuo a citar:
-"Em todas elas os empregados são muito jovens, sem nenhum sentido de responsabilidade, e na maior parte das vezes, são rudes quando se dirigem aos clientes."
Esta senhora, que não terá muito que fazer senão andar a fazer queixinhas, nunca foi abordada pelo Reipositor. Mudaria por completo a imagem que tem dos repositores dessa grande entidade que é o Pingo Doce. Esta senhora, de seu nome Paula Moreira, é nada mais nada menos que uma queixinhas.
Sim Paula você é uma queixinhas. A xôtôra Paula Moreira diz também que a fruta de promoção é sempre podre. Por amor de Deus... e eu ia deixar...???? No way. Repara bloggy que a senhora escreveu um texto de 600 palavras para dizer mal só por dizer. Queixinhas, caluniosa, mentirosa. Desculpe Paula, mas é.
Por último... queria que Dona Paula, que sei que não me vai ler nem ouvir porque é daquelas senhoras que só vai à internet para chatear a cabeça a alguém de quando em vez, entendesse de uma vez por todas que eu como repositor (falo aqui em termos de salário... não ganho mais por ser Reipositor) sou pago para repõr... Serei eu pago para ser relações públicas? Serei eu pago para ser recepcionista? Pagam-me para cuidar de velhotes? Putos do liceu às 10h da manhã? Não cara Paula... Eu coloco o produto na prateleira como ninguém, mas achá-lo... Ache-o você mesma.

http://www.queixas.co.pt/popup.php?id_queixa=1456


domingo, 2 de março de 2008

Realidades paralelas

Há já algum tempo que não te contava umas coisas caríssimo... A vida de Reipositor tem sido algo monótona. Brilhando sempre como deves imaginar, mas até mesmo o brilho constante se torna aborrecido. E assim tem sido bloguinho... de certo modo tenho andado algo aborrecido... Poucos desafios. Até ontem pensava que já tinha atingido o ponto maior do acto de bem repôr prateleiras.

Imagina tu... Deparei-me com uma dúvida existencial (sempre fui um admirador confesso do nosso caro amigo Vergílio Ferreira). Repondo simples e banais amendoins, Fritos en miel e moderadamente salados, tive como que uma aparição de mim a mim próprio. Arrepio eléctrico que desce até ao rêgo. Pupilas dilatadas e testa molhada.

Que raios... Estava eu a repôr amendoins Fritos en miel e moderadamente salados junto da cerveja quando tive a minha aparição a mim próprio. Ninguém terá nada a opôr relativamente ao facto de os amendoins estarem juntos da cerveja. Cerveja e amendoins formam uma espécie de unidade. A dado momento escutei uma conversa no outro corredor:

- Menina... Onde estão os amendoins? - A velhota que nunca falta de manhã...

- Oh minha senhora... Não estarão por acaso junto dos frutos...? Não é um fruto? - Retorquiu a minha colega que é meramente repositora em tom familiar de brincadeira (com algum sarcasmo à mistura).

Foi como se tivesse saído da caverna de Platão... Fiquei confuso, cegado pela luz. Assim acontece quando se vive na escuridão demasiado tempo.

Então os amendoins que eram frutos... eram também unos com a cerveja??? Há uma dualidade de realidades então. Ou pelo menos duas realidades. Como podia ser isto?

Era minha obrigação elucidar-me e fui pesquisar.

"Está provada a existência de universos paralelos, de acordo com uma descoberta matemática de cientistas de Oxford. A primeira teoria do universo paralelo, proposta em 1950 pelo físico Norte Americano Hugh Everett, ajuda a explicar os mistérios da mecânica quântica que durante décadas permanecerá uma incógnita."

Não quero aborrecer-te com muita ciência... deixo-te material interessante para veres mais tarde.

http://www.youtube.com/watch?v=o9LV9vaGxJQ

Consegui descansar a minha mente... De facto os cientistas de hoje já nos podem garantir com alguma certeza a existência de diversas realidades. Um amendoim no Pingo Doce define-se por duas realidades.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O Império contra-ataca

Querido blogue hoje foi um dia complicado possível de aguentar apenas por aqueles que têm nervos de aço.

Já estava eu com a minha gloriosa farda de trabalho cujo papillon é o expoente máximo (acredito mesmo que aumenta o amor próprio, parece-me claro que sim) e me preparava para começar a "rasgar" nas prateleiras quando surge a chefe e me chama para perto de si:

- Colega! Chegue cá!! - Pessoalmente adoro que me chamem "colega" porque me dá um ar de menos pessoa. Não, não é mau bloguinho... lá dentro pertencemos a uma corporação, temos de ser máquinas e não seres humanos. Quando visto a farda, o mais perto de humano que poderei ser é talvez um humanóide... acredita que é verdade.

Mas o que seria que a chefe me queria dizer, intrigado, mas confiante lá fui:

- Colega... temos de ter a casa impecável... temos visitas hoje!! - disse ela com ar nervoso .
- Isto tem de estar a brilhar - Atropelou-se ela própria a falar sem me deixar dizer um "Sim Senhor"

Lá fui "rasgar" umas prateleiras. Quem seriam as visitas? Confesso que até fiquei um bocado apreensivo, mas a repôr não podem haver hesitações. Estava eu a repôr as latinhas de comida para gato com gambas e salmão quando subitamente uma das minhas "colegas" se apresenta num estado meio apavorado meio frenético e me diz:

- Está aí a ASAE... Cuidado!! - Disse ela, a minha "colega".

Disse-lhe um SIM muito preocupado, mas assim que ela virou costas não pude deixar de sorrir... pobre coitada, não tem a noção que trabalha com o reipositor. Modestamente... Eu até esperava obter dos senhores da ASAE os parabéns por repôr tão bem. Foi por uma unha que não fui sossegar a minha "colega". Que tivesse calma, pois ela trabalha com um reipositor... Mas fui sádico. Eh eh bloguinho...

Quando os ASAE entraram no Pingo Doce o coração de toda a gente tremeu, inclusivé dos clientes. Mas eu sorrí caro amigo, eu sorrí... Quase que juro que vi o chefe da ASAE piscar o olho de soslaio, como quem diz um "bravo colega!!".

Deixo-te a música que os senhores da ASAE usaram quando entraram pela loja.
Boa noite boguinho...



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Aplicando o que aprendi

Olha bloguinho não vais acreditar!!! Hoje estou feliz... o meu dia de trabalho correu lindamente, e mais que isso sinto-me mesmo preenchido.


Hoje foi inventário e tive de ir para o Pingo Doce de madrugada, às 6h da manhã. Pensava eu na minha inocência muito naive que ia ser aborrecido. O gerente tinha-me dito que hoje íamos fazer inventário, ou seja contar tudo o que estava na loja... Isto parecia-me absurdamente cansativo e moroso. daquelas tarefas que metem fastio. Mas olha, acabou por não o ser. A tarefa consistia em contar todos as unidades da mesma referência e colocar uma etiqueta com o número que tínhamos contado. A princípio estava a ficar muito irritado... já bufava pro todos os meus poros. Além de aborrecida a tarefa, calcula tu que não havia música na loja... nem uma única Pan Pipe.

A dada altura tive uma visão, daquelas que só um reipositor pode ter. Por momentos vacilei e duvidei do que tinha aprendido no curso. Vou te contar então... Num curso de engenharia ensinam-nos muitas vezes que simplicar o complicado e moroso é a principal a atitude. Quando estava a contar pacotes de chipmix (números que pareciam tender para infinito) uma ideia iluminada surgiu na minha mente. Ora as prateleiras das bolachas são em forma de cunha logo são como um trapézio. Contei o número de pacotes em baixo e em cima, o número de camadas e estava feitíssimo.



De momento para o outro senti-me realizado... Agora tudo era mais claro!!! Não interessa onde trabalho, é a atitude com que desempenho o serviço que felizmente ou infelizmente tenho de prestar que me dá aquele tal sorrisinho de atrasado mental de satisfação. Estava feliz no Pingo Doce. Eu estava lá e estava bem. O Pingo Doce era agora com toda a certeza um desafio para um engenheiro... estou de parabéns não estou bloguinho?


Mas não me fiquei pelo trapézio... não senhor! Continuei com todas as formas geométricas desde áreas a volumes. De paralelipípedos de latas de tomate pelado a triângulos de coca-colas Zero. Foi sempre a aviar nelas.


De pedra e cal... Sou cada vez mais um REIpositor













segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O AVC induzido

Quando pensava que estava a atingir a velocidade de cruzeiro nesta minha gloriosa profissão algo demasiado ruim aconteceu. Bloguinho... perguntarem-me por artigos muito absurdos já não me aflige nem me causa nervos, exceptuando quando um senhor brasileiro do nordeste se dirigiu a mim com as trombas ainda cheias de tinta e de massa com algo na palma da mão que segundo ele era uma lampada. Eu não entendo nada de lampadas... mas aquilo parecia saído de uma nave do Flash Gordon. Enfim, peanuts para mim... sentia-me sólido com estas situações. Ao fim ao cabo um Reipositor não pode dar parte fraca.

- Talvez numa loja da especialidade - respondi eu ao cliente algo mordaz.

Mas mau mau foi quando estava eu sentado numa grade de cerveja a repor pacotes de acúcar da Sidul quando dei por mim a ouvir um som cataclístico que saía pelos altifalantes do mestre Pingo Doce. Take My Breath Away instrumental era banal já bem como as mais variadas Pan Pipes covers de mil e uma músicas parvas. O som que saía pelos altifalantes era nada mais nada menos que uma Pan Pipe de uma famosa música de Céline Dion.

Subitamente percebi que estava a perder algumas funções motoras e tive de fechar os olhos e esperar cerca de um minuto.

Já recuperado, percebi que era mais uma forma de tortura, mas um reipositor repõe prateleiras sem vacilar.

Deixo-te a música bloguinho, espero que não leves a mal. É para teres a noção do drama. E lembra-te que era uma cover dos Pan Pipes, o que é consideravelmente uma agravante.

O primeiro caso verdadeiramente insólito

Que toda a situação é solidamente insólita, lá isso é... Mas o insólito estava para acontecer bloguinho. Você não vai acreditar. Estava eu na minha tarefa árdua de repor cocas-colas diet quando as minhas colegas repositoras (não são Rainhapositaras, mas aindamerecem o meu respeito) me interpelaram com um misto de felicidade, loucura e ampreensão. A ansiedade tomava conta de mim. O local de trabalho Pingo Doce é como deves imaginar uma roda viva, são precisos nervos de aço. Believe me bloguinho.


- Colega (é assim que sou conhecido, só falta ter um número em vez de um nome)!!! - disseram as duas colegas em coro - Está ali uma senhora que nos veio perguntar se tu és casado.
Até que fiquei contente, confesso. É sempre bom ter fãs. Porém o ridículo mais uma vez se apoderou de mim. Um calafrio percorreu-me o corpo ao ver que a minha fã era nada mais nada menos que uma velhota de 72 anos viúva. Credo!!!


Já conseguia perceber o porquê daquela velhota nunca encontrar as coisas mais simples como o sabão azul e branco e pilhas e me vir sempreperguntar.


Mas algo de bom veio ao de cima como o azeite na água... Seduzir alguém do sexo feminino com um papillon é um facto verosímil que ninguém agora podia rejeitar.
São precisos nervos de aço na selva que é o Pingo Doce.

Continuo de pedra e cal como REIpositor.

Génesis

De peito inchado, mas tremendo por dentro lá fui... Não queria dar parte fraca, mas a novidade é sempre no mínimo ansiosa. O que iria eu repor? Como e quando? Credo que tremores... Céus que suores.

Pela primeira vez vesti a camisa e o avental e confesso-te caro blog que senti algum poder... um poderzinho. Só depois notei que tinha de colocar no pescoço aquele papillon... O poderzinho desapareceu e uma intensa sensação de ridículo desde os dedinhos dos pés aos dentes da frente se apoderou de mim. A esta altura já não sabia se o desemprego não era realmente a melhor opção em contraste com a reposição no Pingo Doce.

Olhei me ao espelho e aprontei-me, e confesso-te que até não desgostei de todo. Aquele sorrisinho algo atrasado mental surgiu-me nas beiças. Endireitei o papillon e lá fui. Desviei as cortinas de plástico que separam o armazém e a zona do staff do mundo dos comuns mortais com toda a confiança mais que preparado para para tudo... Pensava eu.

Confesso-te que foi duro... Muito duro. Extremamente físico. Pessoas por todo o lado, esquerda e direita, frente e trás, a perguntarem por pepinos em conserva (absurdo) e sabe-se lá mais quem.

E o pior estava para vir... Todas as torturas que já tinha ouvido não se podem comparar a esta que te conto agora. Bloguinho sabes que sendo mal pago como são todos os heróis que desempenham esta profissão a nossa moral no trabalho não pode ser a mais elevada, como
é bom de se ver. Mas imagina tu que durante as horas de trabalho entre Pan Pipes, Gregorian Chants e um Take My Breath Away instrumental há uma frase constante... SABE BEM PAGAR TÃO POUCO. É o mesmo que dar uma chapada e dizer à pessoa atingida "Epa estás com a cara encarnada, que estranho".

É constante e humilha-te até ao mais profundo do ser. Cada vez que a oiço é como se levasse um calduço daqueles com toda a força.

Esbaforido e derrotado, sentado no banquinho do vestiário, mirando a minha figura, ridícula de papillon, ao espelho ganhei forças e como um soldado bati os calcanhares enchi o peito e disse em voz alta:

- De hoje em diante não serei um reles repositor, serei sim um REIpositor.

Assim se criou uma força trabalhadora do mercado nacional.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

O começo

Caro Blogue, sabes bem que passei muito tempo à procura do emprego que fosse simultâneamente um trabalho, mas não há trabalho para um engenheiro biológico.

Como se alguém precisasse de um engenheiro biológico... que loucura, mas enfim agora já acabei o curso, o mal está feito.

Precisava de dinheiro!

Há uma semana atrás passei pelo Pingo Doce e reparei que precisavam de um repositor... e lá fui. Na minha mente havia inquietação... Eu queria tanto poder aplicar aquilo que os meus professores sabiamente me ensinaram. Será que o Pingo Doce me iria trazer desafios intelectuais? Fui ver!

Comecei segunda passada... A aventura começou!!

Que comece a palhaçada